Tem umas coisas que não saem da gente, né? Estou fazendo uma pós à distância e, por conta disso, preciso assumir meu papel de aluna toda semana, me postar de frente ao computador e assistir duas ou três horas de aula – às vezes quatro.
Nunca – NUNCA- gostei de ficar sentada, parada, prostrada numa cadeira ouvindo e vendo alguém me ensinar algo. Como sempre gostei de aprender, tive de mobilizar recursos pra conseguir vencer algo que uma professora da Geografia costumava chamar de “efeito paloma” – um ímpeto de sair voando da sala a cada 15 minutos. Na infância eu chamava de “vontade de fazer xixi”. Mas adulta, ciente de que eu nunca tive incontinência, fui aos poucos criando meus métodos para ouvir sem enjoar. Mandava bilhete para os colegas (nunca conversei em sala de aula porque sempre achei desrespeitoso com o professor), lixava as unhas e, por fim, encontrei o melhor passatempo do tipo “mexa os braços e as mãos enquanto ouve”: comecei a rabiscar o jeans da calça (de vez em quando) e a pele (toda aula, invariavelmente). Nem lembrava mais disso. Até que essa semana, quando me dei conta, tinha levantado pra pegar minhas duas Bic 4 Cores. Uma daquelas que usava na facul e outra recente e fofa que tem rosa, roxo, verdinho claro e azul bebê. Pintei minha tatoo num colorido do jeito que queria quando fui tatuar mas na época achei melhor um balãozinho menos chamativo. Ficou lindo!! Morri de amores. Por esta memória remexida e porque fiz tudo com a mão esquerda. 🤗🤗 💜💚💗💙. Recordar também é viver.  Ouvindo Genipapo Absoluto: “Aquele que considera a saudade uma mera contraluz que vem do que deixou pra traz esse só desfaz o signo…”