Reflexão #77

Reflexão #77

Seria possível barganhar quando se trata de afetos?
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Buguei pensando nisto ontem e vim aqui pedir ajuda.
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Percebi que fazemos barganhas sempre ou de vez em quando, seja em cobranças explicitas ou em jogos emocionais.
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Também o fazemos em pensamento, quando silenciosamente planejamos como abordar o outro para conseguir o que queremos.
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Mas não é uma prática saudável. E todos sabemos disto. Mais elaborados ou menos elaborados, todos sabemos porque todos já barganhamos.
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A barganha afetiva é aquele movimento em que, ao desejar algo de uma pessoa com a qual convivemos, estudamos previamente a melhor performance que alcance o seu emocional para conseguirmos o que queremos.
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Mas o que queremos? Bem… Depende… Atenção, carinho, vingança, dinheiro, admiração, revide respeito. A lista é longa e colaborativa.
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A gente vai, performa, toca o outro para ter o prazer da sua reação.
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Você já deve ter pensado que, se assim for, barganhas podem levar a coisas legais também, não só a sensações ruins. Sim, é isto.
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Na maior parte das vezes praticamos com o intuito de trocas boas.
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Mas se a gente para e pensa que existiu uma performance bem elaborada que antecedeu o ato para gerar a reação, o afeto se dilui.
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Afeto é uma experiência, uma sensação que surge nas nossas trocas com o outro, quando damos algo de nós e, assim, o tocamos.
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Se causamos a experiência propositadamente, pensando em ter um ganho pessoal, em barganhar com o outro, então não se trata mais de afeto.
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Porque a experiência do afeto parte sim de nós, mas ela visa ao outro, não a nós mesmos.
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Então dá sim pra fazer barganhas, mas aí deixa de ser afeto. E o que será que passa a ser?