Desconfio, logo me antecipo.
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Alguém aí já julgou baseado em algum “acho que tá rolando isso”?
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Nas relações interpessoais, quando não há trocas efetivas, desconfiamos, especulamos, julgamos.
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A gente pensa num contexto e costuma elaborar a partir das nossas desconfianças, como se fôssemos agentes secretos de subjetividades.
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Aí vem o lance de instinto, de sexto sentido. E a gente elabora possibilidades que, muitas vezes, são devaneios.
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A questão é que, apesar de termos, todos, aquela capacidade de perceber um pouco mais do que o óbvio, nossa percepção está fortemente vinculada à nossa perspectiva pessoal da realidade, dos fatos.
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Mas fatos são fatos, pouco importa nossa relação com eles. Então, julgar um fato baseado apenas na nossa perspectiva é ingenuidade com base no egoismo, no intuito de fazer valer apenas aquilo que venha a corroborar nosso conforto.
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Descarregamos hipóteses, devaneios, caprichos, vaidades.
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Pra quê?
Exatamente pra alimentar nossos caprichos e vaidades, amparados no “eu sabia”, “eu avisei”, na realização de estarmos certos, de termos razão.
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Acontece que a própria ação de se envaidecer por saber mais do que os outros é o que nos leva a achismos e julgamentos absolutamente desnecessários.
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O que é de nós nos cabe saber. Apenas o que é de nós e nos envolve nos cabe saber.
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O resto é desgaste. São rastros de inutilidades que carregam coisas pouco importantes e afetam nossa relação com o que realmente importa: aquilo que nos diz respeito.
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Desconfiar não é saber. O único jeito se saber, de verdade, é perguntando.
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Uma conversa vale mais que mil hipóteses.