Revirando os baús, numa faxina que já vem durando dias, tenho encontrado uma coisinha menor que outra. Parece primavera, quando a gente vê cor de todo jeito e de todo tamanho brotando de todo lugar. Florezinhas minúsculas que vêm depois da chuva. E elas abrem as janelas do meu peito, numa vibe bem Beto Guedes. Só que diferente das flores, que encantam a gente de fora pra dentro, as miudezas que a gente guarda são relicários repletos de memórias tão preciosas quanto a própria vida. Elas encantam a gente de dentro pra fora. Como podem objetos tão pequenos terem a astúcia de remexerem sentimentos tão gratos? Como conseguem fazer a gente ostentar alegria e leveza que nem sabíamos que estavam ali dentro de nós naquele momento em que tocamos uma memoria em forma de objeto? Memórias de sensações e sentimentos. Uma coisa é certa no viver: somos feitos de experiências e memórias. Definitivamente é o contato com o que está dentro da gente que nos guia. Não importa se vamos acessar isto escrevendo, conversando, ouvindo uma música, remexendo objetos do passado ou dando um abraço.
Uma coisa que é certa no viver
