O caminho que a gente faz entre nascer e morrer é a vida da gente. Mas diferente da flor e da fruta, não somos passivos e acabamos, portanto, pensando sobre o sentido da vida. Quando sento e converso de subjetividades com amigos, costumo brincar que se um ancestral nosso viajasse no tempo, se materializasse hoje na nossa mesa de bar, olhasse em volta e se assustasse com tantas coisas que ele sequer sabe o nome, iríamos ficar envaidecidos. Mas depois da segunda cerveja ele faria três perguntas e haveria um longo período de silêncio antes das especulações: de onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido da vida? Não sabemos a resposta. Bem lá no fundo, o que sabemos é que não sabemos. Temos estratégias anti-sofrimento para a resposta. Procuramos artifícios, invencionices, teorias. Damos nomes a recursos que inventamos para não encarar o vazio da resposta – NÃO SEI. Nunca me importei muito com o começo e o fim. O #trajeto sempre me interessou mais. E eu tenho minha própria linha de especulação: o caminho que percorremos entre o começo e o fim é moldado pela nossa visão, nossa perspectiva, nossas expectativas. Cada um reage ao seu modo e possibilidades à sua rotina, às demandas do viver. Damos sentido à nossa própria vida quando encontramos equilíbrio na rotina. A vida em si não tem um sentido fora da nossa existência. Por isto minha especulação parte do pressuposto que mais me agrada: a vida acontece no convivio, na interação. Vivemos para conviver. O sentido da vida está em olhar para o outro com os olhares que adquirimos no convivio. As experiências que vivemos com os outros vão nos fazendo mudar de perspectiva e assim vamos redesenhando nossa visão de mundo e nossas expectativas. Quanto mais ampla nossa visão, menos expectativas geramos e mais coisas compreendemos. Quanto menos expectativas geramos, mais aprendemos no convívio. Trocas, partilhas. Nada dá mais sentido à minha vida do que as histórias que tenho com os outros. Amadurecer é ver sentido nestas histórias, se encontrar nelas. Amadurecer é o que chamo de sentido da vida. E não é passivo. Diferente da flor e da fruta, nosso amadurecimento é conduta.
Sentidos da vida
