A felicidade do outro

A felicidade do outro

Eu estava quieta, sentada numa pedra morna, ouvindo o barulho do rio quando meu filho chegou e se encostou em mim. Ao sentir minha pele gelada da água, ele se afastou e riu. Olhei seu rosto tímido e alegre. Por que você mergulhou mãe? – ele me disse. E completou me provocando: você sabia que eu viria aqui pra você me esquentar. Trocamos nossos olhares de deboche, ele se sentou ao meu lado e ficamos ali, quietos. Meu pensamento sempre me leva a lugares distantes e cheios de vida e energia quando penso nele, no seu futuro, na sua caminhada. Desde muito cedo meu filho me escuta falar com ele sobre independência afetiva. Agora, maiorzinho, ele começa a entender. E tem sagacidade suficiente para me provocar com isto. Sabe que eu não deixaria de tomar um banho de cachoeira apenas para ficar com meu corpo quente e poder esquentar o dele que também estava na água gelada. Da mesma maneira, sabe que não sou eu quem vai trilhar a caminhada dele. Nunca ouviu de mim que farei de tudo para ele ser a pessoa mais feliz do mundo. Só ele pode fazer isto. O que eu ensino a ele, na medida das minhas experiências e da minha própria caminhada, é que a gente não tem que ser a pessoa mais feliz do mundo. Não existe a pessoa mais feliz do mundo. Existem pessoas que aprendem a se relacionar bem com a vida. E as que não aprendem. Não são os outros que ensinam para nós como se relacionar com nossa própria caminhada. Nossa vida é uma sucessão de eventos, não um roteiro de filme. Romantizar isto é tornar superficial a grandiosidade das coisas que aprendemos enquanto caminhamos. Quando prometemos felicidade aos outros, ou esperamos que outros nos façam felizes, criamos dependência afetiva e nos distanciamos dos nossos sonhos e vontades mais íntimos, aqueles que justificam e fortalecem nosso viver. O que a gente precisa é encorajar o outro a ser feliz. Quem tem vida própria se sente seguro para caminhar e conquistar o que quiser. Isto é felicidade. Se você quer participar da felicidade do outro, tem que sentir felicidade de verdade pelas conquistas dele. Eu tenho o privilégio nesta vida de conhecer alguém assim, que sente de verdade felicidade pelas conquistas dos outros. E a minha sorte maior é que é uma amiga de nome Juliana que gosta de mim.