Quando eu era pré-adolescente, Sábado era dia de me depilar e de tomar sol com água oxigenada nos pelinhos do braço. Sempre acompanhada da minha prima Sofia. Ela era dada a entender de clarear pelos e, portanto, foi com a ajuda dela que nunca mais perdi este hábito. Hoje não tenho um quintal para me estender sob o sol. Faço no banheiro, com a ajuda de pós descolorantes, sempre aos Domingos e invariavelmente uso um restinho da mistura para clarear o buço. Depois de tudo concluído, costumo fazer uma máscara e ficar me olhando na câmera. As máscaras mudaram muito. Antes eu as fazia com mel e limão. Depois espalhava pelo rosto claras de ovo batidas, que secavam e deixavam a pele quebradiça. Eu ficava me olhando no espelho e fazendo caretas. Sempre me recordo das rotinas de beleza aos Sábados ou Domingos. Ainda em Itapeva, na época do meu colegial, eu e a minha inseparável amiga Adriana passávamos os Sábados planejando que roupa usaríamos pra sair a noite. Também costumávamos nos depilar, ela usando a pinça, dedicada pelo a pelo de toda a perna; eu com minha cera fria e tiras de plástico de saco de arroz que minha tia Dri ensinou a usar. Depois a gente passeava de carro pela cidade, preenchendo o tempo até a hora de sair à noite. Quando me mudei para São Carlos inverti minha rotina de cuidados pessoais. Sábado era dia de faxina. Cuidava de mim aos Domingos pela manhã. Era o único momento silencioso e com tempo no banheiro já que sete das oito moradoras da república acordavam bem depois de mim. Comecei a raspar os pelos das pernas e axilas, não usava mais as claras de ovo. Tempos de estudante eram tempos de dinheiro mais contado e menos tempo livre- além de estudar eu trabalhava, lavava minha roupa, fazia minha comida e cuidava da minha parte na casa; coisas que eu não conhecia enquanto morava com meus pais. De lá pra cá pouco mudou. Domingo é meu dia de pele. Continuo me olhando e divertindo com a máscara no rosto. Adoro fazer isto. Só abri mão quando meu filho era bebezinho. Adoro me ver refletida no espelho. Adoro a sensação de tirar a máscara. Adoro o silêncio destes momentos
Refletida no espelho
