O amor que aprendi

O amor que aprendi

Doze anos atrás eu pari. Agora, enquanto eu e ele terminamos de decorar seu bolo de aniversário, penso que pus nesse mundão de Deus um menino que batizamos Francisco. Um filho. Tenho um filho chamado Francisco. Naquele dia do nascimento- uma quarta-feira pré carnaval, dei entrada no hospital com 31 semanas de gestação, a pressão arterial em 21/16 e a menor idéia sobre o significado de ser mãe. Nunca mais, depois disso, tive hipertensão. Em compensação, passei os 7 meses seguintes contando quantas semanas faltavam pra ele dormir a noite toda. E quanto a ser mãe, bem… São 12 anos sem ainda ter descoberto o real significado desta aventura-responsabilidade-condição. Posso dizer que não sei administrar o amor- que às vezes passa da capacidade de se mensurar. Também não compreendi bem onde mora a obrigação de mãe nem a tal da responsabilidade de educar o filho. Mas sei que mãe não tira férias. E sei que não há prazer maior, para mim, que quando vejo meu filho gostando de coisas que gosto e partilhando comigo momentos de imensa conexão- como ficar 30 minutos em silêncio, largados no sofá, cada um no seu celular, mas com a pontinha dos dedos dos pés de um encostando na do outro. Também sei que os olhos dele seguem muito do que faço, os ouvidos me escutam o tempo todo e isso me carrega de medo e um senso de responsabildade perturbador. Nada no mundo pode ser mais a gente do que nossos próprios filhos. Me enxergo no meu. E todo o tempo penso que isso é que pode ser a maternidade- se ver no outro. Se for isso mesmo, posso dizer que ser mãe é uma aventura que gosto, uma responsabilidade que consigo levar com um pouco de cautela e uma condição que me fez amadurecer mais que em qualquer outra da minha vida. O amor que aprendi a sentir com o Francisco é o amor que escuto numa musica do Herbert Viana que diz “saber amar é saber deixar alguém te amar”. E eu simplesmente adoro apesar de não me sentir apta a tanta responsabilidade