Às vezes uma coisa, às vezes outra

Às vezes uma coisa, às vezes outra

Tempos atrás, num momento de silêncio daqueles “tô pensando em nada”, me dei conta de que reflexão e contemplação são ângulos que se completam. Eu nunca estou pensando em nada. Não aprendi a meditar ainda. Confesso que já tentei, mas minha cabeça vive em constante barulho. Penso e dispenso o tempo todo, como se fizesse e desfizesse pontos de crochê. Três para a frente, um para trás. Às vezes dói, às vezes traz uma inspiração leve, como se eu fosse às vezes boa e às vezes má companhia pra mim mesma. Coisinhas da vida…
Nesse pensa e despensa sem fim, acabou que me cheguei à conclusão que contemplação, pensamento e reflexão fecham os ângulos internos de um triângulo que é minha própria existência. Numa perspectiva objetiva, eles ajudam a moldar a consciência. Numa perspectiva subjetiva, tencionam meu coração. Depende de mim o equilíbrio que manterá mente e coração funcionando sem grandes deformações. Construí uma verdade pessoal, isso tempos atrás, de que a contemplação é o que leva alegria pra dentro de mim. A reflexão, por sua vez, me ajuda a transformar a alegria em felicidade, que eu ponho pra fora escrevendo, conversando, rindo, chorando, partilhando com as pessoas o que escrevo… A gente fica feliz quando aprende a se alegrar com as coisas da nossa rotina. Entra alegria, sai felicidade. Não tem a ver com ser fofo, com ser forte ou especial. Tem a ver com ser nós mesmos. No meu caso, coisinhas da vida e fatias de rotina se interam o tempo todo. Elas refletem quem sou eu, às vezes blues, às vezes mpb, às vezes Drexler e outras Black Sabbath. Às vezes um céu cinza, às vezes sol com garoa fina. Mas sempre música, sempre olhar para o lado de fora. Sempre eu mais alguém.