Com o coração mais frio que o normal

Com o coração mais frio que o normal

Quem mais aí gosta de balançar? Saí pedalar pela manhã e encontrei com um balanço na beira da praia. Passo por este lugar pelo menos quatro vezes na semana, todas as semanas, com minha bike. Perguntei ao cara do quiosque “é novo esse balanço?” E ele me respondeu “mais novo que a gente, deve estar aí faz uns três anos”. Três anos e eu nunca o tinha visto. Pensei em qual movimento me fez ver esse balanço hoje. Por que eu não o vi antes? Adoro balançar e fazer isto na beira do mar… meu deus… que delícia. Dá pra contar onda, ouvir quero-queros, bem-te-vis, pardais, pombos, corujas. Dá pra ver os casais de velhinhos entrando e saindo do mar dócil de mãos dadas; os mais jovens passando de canoa havaiana e o reflexo das árvores na água salgada. E da pra balançar. Balanço é que nem rede, que é que nem colo, cafuné. Só que às vezes é melhor. Naqueles dias em que a gente acorda com o coração mais frio que o normal, que se olha no espelho e não se anima porque vê tristeza no próprio olhar; e dá vontade de não falar com ninguém… Um balanço, num dia desses, é um acalento, uma deixa perfeita. Na beira do mar então… Já nem tô dando tanta bola pro que me tinha deixado pra baixo. E tô achando que foi meu olhar cabisbaixo sobre a bike que me guiou até aqui. E…. já tem brilho de novo no meu olhar. Não estou vendo, mas sei. Porque tô com vontade de cantarolar Claudinho e Buchecha