De hoje para trás

De hoje para trás

De hoje pra frente não sei quem sou. Mas de 2 anos prá cá sou uma mulher de cabelos curtos que decidiu compartilhar as coisas que gosta de escrever. De 4 anos prá cá sou uma quarentona de sobrenome Quarentei. De oito anos pra cá sou uma virginiana que comemorou o aniversário com uma festa que durou 20h. De 9 anos prá cá sou uma geógrafa que aprendeu e tomou gosto em olhar coisas e pessoas se interagindo como uma poesia do cotidiano. De 12 anos pra cá sou uma mãe com memórias que vão de fazer provas amamentando o filho a maratonas Star Wars em dias que poderia estar na praia. De 14 anos prá cá entendi o valor e a lindeza de se fazer amigos depois dos 30. De 18 anos prá cá sou uma cidadã que se deu conta de que nossa realidade é cheia de gente que passa por dificuldades que nunca vivi e que têm um coração mais leve que o meu. De 19 anos prá cá aprendi a entender o amor e as responsabilidades familiares das quais meus pais falavam. De 23 anos prá cá aprendi que nem tudo nos pertence pra sempre e que saudade é algo que se dilui com o tempo. De 25 anos pra cá entendi o significado de ser de mais de um lugar e conviver com pessoas que têm historias de vida e escolhas diferentes das minhas. De 29 anos prá cá entendi o que é ter um primeiro amor. De 35 anos prá cá venho aprendendo o significado de ser mulher e criança num mundo em que o feminino é vulnerável, exposto e desrespeitado. De 40 anos prá cá guardo na memória o elefantinho de pelúcia que ganhei no dia do meu aniversário. Essa é minha mais antiga memória de vida: a sensação de sentir alegria ao me conectar a algo tão pequeno, simples e fofo. Não só o elefantinho em si, mas alguém -que não eu – ter encontrado e me dado algo que tinha tudo a ver comigo.