Minha mãe, aos 30 anos de idade, com as crias- eu bebezica e meus irmãos Caio e Mirian. Diferente de muitas mulheres que “se encontraram na maternidade”, ela encontrou propósito na vida sendo professora. Informada, atualizada, moderna, independente. Adorava contar dos alunos, de suas fofocas, de comportamentos que ela admirava e também os que a irritavam. Adorava quando eu chegava em casa com amigos e colegas, todos jovens e barulhentos e cheios de assunto. Se juntava a nós. A energia dos adolescentes sempre a encantou. Tinha uma conexão com a alma jovem. Mimou meus amigos mais que a mim mesma. Reclamava do nosso barulho, mas nunca nos julgou ou impediu a gentarada pela casa. Topava todas quando o programa envolvia jovens. -Mãe, vamos no cãnion? – Vamos. -Mãe, vamos fazer Fondue de queijo? – Vamos. – Mãe, vamos jogar baralho hoje. – Tá bom. E lá ia Dona Maria fazer vinho quente, pipoca. Minha mãe é a pessoa que traduziu a mim o esforço que é se desdobrar sem se partir ao meio. Até hoje se angustia quando, em seus pensamentos já pouco articulados em decorrência da demência, pensa que os filhos ainda são pequenos e saíram sem dizer pra onde iam. Mas as memorias que tem da escola, do trabalho e dos alunos são sempre de satisfação. Trabalhar com adolescentes era a sua balada, sua praia, sua viagem. Foi na companhia de adolescentes que aproveitou a maior parte da sua vida. Acho a coisa mais linda. Sempre achei. Quando adolescentes era o máximo ter uma mãe descolada que dividia momentos com a gente. Agora, adulta e mãe de adolescente, procuro meu lugar neste momento me amparando no exemplo dela. Mas é difícil, porque ela é insuperável neste quesito. Feliz dia das mães, Dona Maria.