Nunca me dei com poemas

Nunca me dei com poemas

Nunca me dei com poemas. Algumas pessoas (muitas), porém, lêem meus textos e dizem que é “pura poesia”. Eu vejo graça ao mesmo tempo que me sinto lisonjeada; porque sei que é um elogio, já que normalmente se fala de poesia com carinho, como algo especial. Na tentativa de me aproximar da poesia peguei esse livrinho fofo -da foto- que ganhei tempos atrás. Uma coletânea de poemas escritos por mulheres que não vivem só da poesia. Tentei mergulhar na leitura mas não aconteceu. Então meu café chegou e fui ao banheiro lavar as mãos. Quando voltei do banheiro vi o conjunto café-livro-pão. Enxerguei poesia. E então lembrei que a poesia não habita apenas livros. Ela está por todo lado, em cada cena que seduz a gente e transporta algum tipo de graça ou leveza para dentro de nós. A poesia a gente não só lê. A gente vê. Basta olhar ao redor pra perceber que tem muita cena que seduz a gente em forma de carinho. Uma flor, um gavião que ensina seus filhotes a caçar, uma formiga carregando algo 20 vezes maior que ela, o apresentador de jornal confundindo espanta com espalha quando está lendo o teleprompter sobre medo.