O cigarro do Di Caprio

O cigarro do Di Caprio

Ontem, procurando um documento numa conversa do whatsapp, me dei conta que estamos, eu e Fran, confinados desde o dia 17 de março. Na minha cabeça era dia 23. Tenho uma semana a mais- ou a menos- para minha conta. 88 dias. Tempo suficiente para eu passar por várias fases, por altos e baixos que normalmente já tenho mesmo quando minha amiga rua está disponível. Ao longo desses 88 dias sofri a morte de uma amiga, comecei a costurar pra fora quase que por acidente ✂️✂️, senti tanta vontade de fumar que acho que 90% do meu pensamento nesses 88 dias foi focado no “vou fumar- não vou fumar”. Cozinhei como de costume, mas postei tudo nos stories e descobri que tem um mundo de gente como eu- que não gosta de programas de culinária, mas ama comer, cozinhar e falar de receitas. Olhei os passarinhos pela janela. Senti tanta falta de pedalar, que cheguei a sonhar que estava de bike num mundo pós apocaliptico, atravessando o túnel do Canal da Mancha com o Di Caprio. E eu toda me achando contando pra ele que aprendi a pedalar sem rodinhas aos três anos. Ele tava pedalando e fumando no sonho. E eu só fazia olhar para o cigarro. Estou atrasada com minhas disciplinas da pós, não consegui ter uma inspiração verdadeira que me trouxesse até aqui, para escrever. Até agora, né? 🤭🤭. Porque hoje acordei com uma fagulha no peito. Um respiro como se tivesse aberto um puxadinho pra eu me reanimar. Relutei em me adaptar a esta situação de confinamento aqui dentro e terror lá fora. Mas a vida vai continuar depois que as portas se abrirem de verdade. E terei de estar pronta para encarar o retorno, os planos, as mudanças. Então hoje, quando eu abri os olhos de manhã, pensei que é hora de encarar a realidade e, devagar, construir o meu retorno. Principalmente porque… (gente, sério!!) se eu consegui ficar esse confinamento todo sem fumar, eu consigo qualquer coisa. Ainda mais depois de sonhar que eu tava viajando com o Di Caprio e a única coisa que eu queria dele era o cigarro. 🤫🤫🤫