Quantos Rauls?

Quantos Rauls?

Desde que meu sobrinho virou adulto eu passo por esta placa de aviso ALTURA MÁXIMA 1,85M e penso “tadinho do Raul, não pode entrar no estacionamento”.
Convivi com poucas pessoas muito altas na vida. Na adolescência teve um cara, o Franklin, cuja casa fazia vizinhança com a casa dos meus pais pelos fundos. Quando ele se aproximava, o muro chegava na altura do peito dele. Parecia que o Franklin tombaria pro lado do quintal dos meus pais toda vez que ele vinha sondar a vizinhança e dizer oi. Depois conheci outro altão, meu concunhado de Curitiba. Alto. O aro da bicicleta dele é mais alto que eu. 🤗🤗 E ele costuma se dobrar ao meio pra dar uma abraço em pessoas da minha estatura.
Mas quando o Raul cresceu, eu me dei conta de que ele era bem alto porque o Fran, meu filho, percebendo a estatura elevada do primo, começou a usar o Raul como parâmetro. O Fran tinha uns 6 anos e me dizia “Mãe!! Criei um dinossauro hoje que é dois e meio Raul”. Na praia era “Não vou entrar hoje, as ondas têm o tamanho do Raul”. Uma vez, entrando no avião, ele me disse “Ô mãe, eu acho que três Rauls dão o tamanho da asa do avião”. E, na última que me lembro, ele me disse que o poste da rua dava três Rauls e, portanto, a asa do avião era do mesmo comprimento que o poste. E desde que o Fran criou a unidade métrica Raul, eu olho para algumas situações e lembro dele – “ia bater a cabeça”, “ia ter que tomar banho agachado”, “não pode entrar no estacionamento”…
Coisinhas de olhar. Pra mim, na prática, o Raul ainda é um bebê. Um bebê enorme, que bebe, trabalha, namora, vai a shows, viaja e dorme com os pés pra fora da cama de 1, 80m.