Sem vulgaridades

Sem vulgaridades

Meu filho, ontem a noite, pediu que tirassem uma foto dele e me enviou pelo whatsapp pra mostrar como estava arrumado para o reveillon. Tivemos uns contratempos pouco importantes para resolver juntos nestes dois últimos dias do ano. Resolvemos falando e escutando um ao outro. Este negócio de resolver coisas conversando é tão importante pra nós. Porque eu gosto e nós dois fomos aprendendo isto juntos. Não se impor, não propor atalhos a partir daquilo que só um acredita. Meu filho cresceu e eu devo respeitar seus movimentos, ouvir seus desabafos sem impor meu jeito de resolver as coisa, sem dar palavras de ordem a partir daquilo que eu acredito. Que este negócio de dar solução para os problemas dos filhos é uma armadilha fácil de cair nela. A gente acha que está resolvendo, mas na verdade estamos é tirando deles a possibilidade da experiência, do aprendizado, da autonomia. Quando permitimos atalhos, permitimos pendências. Não saber passar por dificuldades, não conseguir elaborar para resolver problemas, sentir vontade de sair correndo quando aparece um problema. Não é esta a herança que quero ter e deixar do convívio com meu filho. Quero é que a gente aprenda, cada vez mais, a falar sem se impor, a ouvir sem banalizar. Tudo isto apenas para, ao receber uma foto dele lá de longe, ver uma carinha feliz depois de ter resolvido um problema sem ter sido raso ou vulgar com ele mesmo e com os outros. E já que estamos no início um novo ano, deixo aqui como desejo isto que acabei de elaborar: que a gente aprenda cada vez mais a viver e conviver sem sermos rasos ou vulgares. Desejo também um 2023 especialmente libertador àqueles que lutaram, militaram e votaram para que o encosto que estava presidente do país fosse derrotado nas urnas. Sigamos alegres e na luta. Sigamos amando sem sermos vulgares. Sigamos aprendendo a ouvir e a falar.
Sigamos procurando as pendências emocionais que contaminam o afeto que há em nós.
Te amo, filho. ❤