Passados dois dias do meu aniversário, ainda não decidi se rio ou choro deste último ciclo que se encerrou. Meu último ano foi uma ironia. A pandemia me forçou uma revisita da minha vida- tortuosa e necessária- para a qual eu vinha treinando já fazia uns bons anos. Me faltava coragem de fazê-la. A clausura me ajudou. Alcancei conquistas internas importantíssimas pra mim. Traduzi sentimentos, organizei idéias, refiz caminhos. Me dei conta que boa parte da vida que levei nos últimos anos não se conecta comigo, com minha energia, com minhas necessidades. Tive de assumir que tenho fugido de decisões...
Longe de ser o que quero ser?
Quantas vezes você já parou para pensar no envelhecimento? Quantas vezes usou o adjetivo VELHO de maneira pejorativa para descrever o avanço da sua idade? Quantas vezes você pensou em amadurecer? Eu, com o tempo, venho aprendendo a buscar caminhos para amadurecer. Comecei a minha jornada de pensar no envelhecimento porque me assusta ver amigas, da minha idade, se achando velhas e se sentindo menos potentes com a vida por conta disto. Tô muito longe de ser o que quero me tornar, mas vivo da insistência de não desistir. A vida é viagem de ida. Imagina o que é a...
Sentidos da vida
O caminho que a gente faz entre nascer e morrer é a vida da gente. Mas diferente da flor e da fruta, não somos passivos e acabamos, portanto, pensando sobre o sentido da vida. Quando sento e converso de subjetividades com amigos, costumo brincar que se um ancestral nosso viajasse no tempo, se materializasse hoje na nossa mesa de bar, olhasse em volta e se assustasse com tantas coisas que ele sequer sabe o nome, iríamos ficar envaidecidos. Mas depois da segunda cerveja ele faria três perguntas e haveria um longo período de silêncio antes das especulações: de onde viemos?...
Afeto, amor, desejos
Ontem vi um post falando sobre a última refeição dos condenados à morte nos EUA -eles têm o direito de escolher o que comer. Reação imediata, pensei num prato de arroz, feijão, vinagrete, farofa, costelinha de porco e uma fatia de #bacon muito crocante Tudo feito por mim… Desde então tô passeando por #memórias de mesas e encontros dentro da casa dos outros. A tia Ligia me cortando um pedaço enorme de #bolo de laranja e eu colocando aquela casquinha crocante da cobertura na boca enquanto ouço ela perguntando como vão as coisas. Os olhos dela me olhando com alegria pela minha presença. A Edna desrosqueando...
Porque a vida anda assim
Ontem, enquanto dava aula e escrevia um texto com minha aluna, me lembrei do quanto sempre gostei de pintar paredes, de dar à minha casa cores que eu mesma escolhi. Meu apartamento não é só moradia minha. Nele fazem morada meus sonhos antigos que já viraram memória, meus planos, os abraços que dou no meu filho, flores que fotografo na rua. Na minha casa também vivem medos, anseios, sonhos que ainda não realizei. Vivem receitas de bolo, notas musicais, tapetes coloridos, umas esculturas em barro. Quando olho em volta, vejo minha alma projetada nas paredes, nos quadros coloridos e prateleiras...
Coisas não aleatórias
Sempre que eu uso a hashtag #coisinhasdavida estou fazendo referência a coisas, cenas, pessoas, memórias, sonhos que mobilizam sentimentos dentro de mim. Os sentimentos bons… 😊😊 Que seria muito indelicado- e mesmo estranho- usar uma expressão que remete à leveza para mostrar sentimentos ruins. Falo em coisinhas da vida para mostrar aos outros como me sinto ao encontrar momentos que mexem comigo e me fazem alegre. Descobri, ao longo da minha vida, que momentos alegres são necessários para me manter de bem com minha rotina. E então, trabalhei meu olhar para encontrar sempre com estes momentos. Quando não encontro, reviro a memória,...
A cúpula da Sé
Essa chuva cai ou não? Enquanto espero meu vôo, sofro por ter medo das chuvas de São Paulo. Em dias de vôo, sempre fico apreensiva, mas eu faço tantas vezes esta ponte Vix-SP… não quero mais sentir medo. Sem pensar, esqueço um pouco a cor das nuvens, foco meu olhar nas torres e na cúpula da Catedral da Sé. Um contraste maravilhoso com o céu. Esqueci a chuva, esqueci o medo. Enxerguei uma bexiga e agulha pronta para estourá-la. Pensei no pavor que eu tinha, quando criança, de ouvir estouro de bexiga. Eu tinha medo que na gincana da escola colocassem...
Pensando nos abraços
Hoje, ao acordar, encontrei uma pitada de saudade no story de uma amiga. Pensei: por que existe a saudade? Me veio à cabeça que é para a gente fazer planos futuros com aqueles de quem gostamos da companhia. Um almoço, um passeio por uma calçada de entorno colorido e fresco, um pedal, um pastel na feira. Mas logo já mexi nas ideias: saudade não existe só pra isto. Saudade existe pra fazer a gente lembrar que gostamos de passear pela calçada, de pedalar, de ir à feira. Tem todo tipo de gostos. Estes são os meus. E comecei, então, a...
Dois dedos de prosa
Esses dias, pensando na dificuldade que tem sido encontrar inspiração trancafiada dentro de casa, me lembrei de quando meu filho nasceu e tive uma quarentena particular e solitária no meu apartamento. Eu morava no mesmo lugar onde moro hoje. A vizinhança era a mesma, a luz que batia na sala era a mesma. O vento, o barulho da rua. Muito pouco do lado de fora mudou de lá pra cá. Aqui do lado de dentro as paredes ganharam cores e quadros, manchas e histórias. Aquele bebê que chorava cinco horas por dia e mamava treze não existe mais. Aquela mãe...
Curiosidade
Sempre que encontro insetinhos passeando ou carregando coisas por aí eu paro para olhar. Um vai e vem sem fim. Aprendi com meu avô Bastião a observar coisas pequenas. Depois comecei a fazer paralelos. Adoro fazer paralelos de coisas de bicho com a vida de nós humanos. Comportamento, humor. É uma maneira bem interessante de a gente se olhar sem ficar comparando com outras pessoas. Eu gosto que as formigas têm pressa. Sempre e invariavelmente elas estão apressadas. Tenho a sensação que não percebem nada ao seu redor, como as pessoas que andam, aos milhares, pelas largas calçadas da Avenida...