Assa bolo, enrola brigadeiro, procura uma cor pra cobertura do bolo. Aniversário do Francisco. Ele convidou os amigos, ele escolheu o lugar. Pediu o bolo de sempre, mas dessa vez tive que fazer maior. Os anos de vida aumentando e o circulo social também. Eu não conhecia a maior parte dos meninos e meninas que estavam lá comendo pizza e falando mil coisas sem parar. Aquele monte de pré adolescente reunido falando de mil coisas ao mesmo tempo, como se fosse sua última chance na vida de falar, como se em alguns instantes fossem perder a capacidade de se expressar....
Uma coisa que é certa no viver
Revirando os baús, numa faxina que já vem durando dias, tenho encontrado uma coisinha menor que outra. Parece primavera, quando a gente vê cor de todo jeito e de todo tamanho brotando de todo lugar. Florezinhas minúsculas que vêm depois da chuva. E elas abrem as janelas do meu peito, numa vibe bem Beto Guedes. Só que diferente das flores, que encantam a gente de fora pra dentro, as miudezas que a gente guarda são relicários repletos de memórias tão preciosas quanto a própria vida. Elas encantam a gente de dentro pra fora. Como podem objetos tão pequenos terem a...
Viver é gerúndio
Dia desses eu e uma amiga nos pegamos falando sobre o tempo. Não o tempo cantado pelo Pato Fu, nem pelo Caetano ou o Renato Russo. Falamos do corpo, de trabalho, encontros e despedidas, distâncias, decisões, medos, transformações nas nossas vidas. Falamos do tempo que passamos distantes uma da outra e daquele tempo tenebroso que todos nós passamos, muitas vezes, longe de nós mesmos. Me dei conta de que não se vive nulo em nenhum momento da vida. O tempo anda junto com a gente, é inexorável e necessário assim como todas nossas experiências. Ele e a vida de cada...
Um tipo de bondade
Às vezes a gente olha pralgumas coisas que parecem forjadas. Foi o que me ocorreu quando vi este recorte de paisagem, no trajeto para minha aula. Imediatamente pensei em fotografá-lo para imprimir, colocar na parede, olhar para ele toda vez que passasse por perto e pensar “olha como é louco esse recorte”. Fotografei e assim que cheguei no meu destino mostrei para um colega toda animada: “olha esse recorte que parece colagem!”. E ele de pronto me respondeu “nossa! Nem tinha reparado que o Copan ainda está com este pano pendurado. Já faz anos” Um fato; dois olhares. Senti a...
Amor não é coração. Amor é corpo inteiro
Estava fazendo meu teste de protetor solar, para ver se funciona mesmo na água- e mesmo com o sol do Rio de Janeiro- e me peguei pensando no coração… Não sei porque é o coração que representa o amor. Deve ser porque é no coração, aquele que bate dentro do peito, que a gente sente dor quando perde um amor. É no coração que sentimos aperto de saudade e a angústia da espera de ser correspondido. Mas o amor que a gente divide, que multiplica, o amor que partilhamos, que declaramos, que fazemos, todo esse amor não vem na forma...
Sobre admirar e respeitar o presente
A vida que vivemos não é exatamente como pensamos. O presente é um acúmulo de subjetividades que se fundem ao nosso humor, aos nossos amores, medos e vontades. Então nunca temos total controle sobre as coisas que escolhemos fazer. E não temos nenhum controle sobre o efeito de nossas ações sobre os outros e mesmo sobre nós. O passado, por sua vez, é um saco das memórias que guardamos, porque não lembramos de tudo o que aconteceu e costumamos guardar pedaços da vida que nos marcaram pro bem ou pro mal. Já o futuro, que é logo ali, sobre ele...
Pra onde vão as borboletas quando a chove?
Tem moto, tem carro, caminhão e bicicleta. Todo mundo com pressa. Tem gente atravessando a faixa no sinal vermelho. Já choveu forte e agora o ar tá carregado de pó de minério e construção civil e asfalto. O vento tá forte e ouço trovões da próxima chuva que se aproxima. Enquanto isso a borboleta amarela continua ali no seu vai e vem, constrastando com o vermelho das flores e o estresse de todo o resto. Pra onde vão as borboletas quando a chuva forte cai? Onde será que esta pequenina criatura, mais leve que uma folha, se protege das coisas...
Viver, lembrar, fluir
Hoje, quando acordei, procurei um CD. Quando acordo, não é qualquer música que me vem à cabeça. Nunca é. Nos tempos de monotonia, às vezes, sim. Mas sempre, na maior parte das vezes, não. E hoje, quando acordei, o Drexler estava pulsando, só pra mim, lá bem dentro da minha cabeça. Procurei o CD, pus no som, e a música saiu da cabeça e tomou conta de tudo. Os meus momentos cabem num play, e se revelam quando escolho entre o que vale e o que não vale a pena lembrar. Hoje, fútil, leve e fluida, minha lembrança me levou à adolescência,...
De papo pro ar
Como eu gosto de preguiça. Gosto de espreguiçar também. E lagartear em dias de frio. Ficar assim sentada de papo pro ar, olhando as nuvens passando, ouvindo o vento junto com uma música que gosto. Posso passar 1… 2 horas assim. Sem dormir, sem acordar; imersa num nada. Sinto falta de pessoas que sentem preguiça. Eu e a minha amiga Adriana passávamos tardes inteiras de preguiça na nossa adolescência. As vezes horas sem trocar uma palavra sequer. É pura conexão. O sentido máximo de pertencimento. Esses momentos de preguiça em dupla nos conectaram para sempre. Nem que a gente queira...
Sem inspiração
É pau, é pedra, mas nunca é o fim do caminho. Que essa caminhada tem chuva, sol, vento e suspiro. Borboletas, aranhas, vagalumes e suspiro. Calo nos pés, vermelho nas unhas das mãos, tic-tac colorido na cabeça e suspiro. Nunca me faltam suspiros. Tenho um tipo diferente para cada ocasião. Tem os bons os ruins, os irritados, os apaixonados. O suspiro na minha vida é como meu mau humor, sem ele deixo de ser eu. Suspirei duas vezes quando vi esta borboletinha hoje. Depois suspirei quando vi os videos que fiz dela. Depois suspirei quando mostrei pro meu filho o...