Tem umas coisas que não saem da gente, né? Estou fazendo uma pós à distância e, por conta disso, preciso assumir meu papel de aluna toda semana, me postar de frente ao computador e assistir duas ou três horas de aula – às vezes quatro. Nunca – NUNCA- gostei de ficar sentada, parada, prostrada numa cadeira ouvindo e vendo alguém me ensinar algo. Como sempre gostei de aprender, tive de mobilizar recursos pra conseguir vencer algo que uma professora da Geografia costumava chamar de “efeito paloma” – um ímpeto de sair voando da sala a cada 15 minutos. Na infância...

Ontem tive um dia estranho. Acordei com o olho irritado e a irritação passou pro humor. Passei o dia sem conseguir olhar pra fora e acabei olhando demais pro lado de dentro. Com um bad humor tipo nuvenzinha preta de chuva que não cai, passei o dia me escondendo de mim mesma e procurando fotos de anteontem pra postar hoje- ontem eu não estava postável 😕😕. Enquanto procurava fotos ouvia Mother, do Pink Floyd. Nada melhor que uma música densa prum dia em que a gente fica de bad olhando pra si mesmo. Música vai, música vem, acabei ouvindo o álbum...

De hoje pra frente não sei quem sou. Mas de 2 anos prá cá sou uma mulher de cabelos curtos que decidiu compartilhar as coisas que gosta de escrever. De 4 anos prá cá sou uma quarentona de sobrenome Quarentei. De oito anos pra cá sou uma virginiana que comemorou o aniversário com uma festa que durou 20h. De 9 anos prá cá sou uma geógrafa que aprendeu e tomou gosto em olhar coisas e pessoas se interagindo como uma poesia do cotidiano. De 12 anos pra cá sou uma mãe com memórias que vão de fazer provas amamentando o...

Coisinhas da vida são um propósito de vida, a busca de um jeito de levar uma rotina leve. E o olhar é a ferramenta pra isto. Olhar as coisas todas em nossa volta e depois assimilar, sentir aquelas que nos tocam, que nos agradam, que nos aproximam de sensações que alimentam nosso espírito com boas vibrações. Olhar se treina, se aprende; e depois vira alimento para a visão, aquela que intui. E a intuição, essa poderosa palavra que parece ser algo do além, na verdade é a prática da contemplação que transcende o óbvio que a rotina insiste em nos...

Depois de anos me dedicando quase que exclusivamente às rotinas da maternidade – peitos, fraldas, banhos antitérmicos, poucas horas de sono. Depois lições de casa, caminhadas de ida e vinda da escola, laços no tênis, shampoo e espuma nos cabelos… depois semanas de prova, controle de horários no videogame, animações dubladas, saidas no meio do jantar para atender o “-mããâe! Pronto, pode limpar!”; às vezes, em tardes como a de hoje, paro para passar óleo nesses cabelos enormes e lindos e penso “meu Deus, que delícia esse menino grande”. Um vento fresco mas minhas costas, ele olhando para a tela...

Sempre me pergunto quando foi a primeira vez que bebi um gole de café. Mas me sinto como se tivesse nascido com este gosto na boca, como se fizesse parte de mim o sabor amargo dessa bebida dos deuses. Duas semanas fora de casa e hoje foi a 1a vez que passei café. Porque esses dias todos viajando só bebi o que passaram pra mim. E isso é uma delicia de viajar e ficar na casa de amigos, parentes de sangue e parentes agregados: tomar café passado pelos outros. Em casa sou a única que toma café. Nem por isso...

Semana passada, de férias em Itapeva, enchemos o carro de gente pra ir pro sitio da minha madrinha. Eu, que tinha ido de bus pra minha terra natal, tava com o Uninho que meu padrinho emprestou. Trava manual, vidro manual, direção mais pesada que eu dormindo. Vida de cidade pequena é quase uma utopia pra mim. A perfeição do “passa aqui que eu resolvo pra você”. Chegamos em Ita e o Fran tava numa crise terrível de bronquite. Pensei comigo “preciso dormir num lugar 0 poeira”. Mandei zap pra Marina minha prima pra saber se tinha pouso na casa dela...