Toda vez que paro para contemplar coisas grandes eu lembro da minha madrinha. Foi com ela que aprendi a olhar para por do sol, pra copa das árvores, pros passarinhos tomando banho em poça d’água, pras formigas andando em fila como crianças em excursão no museu. Ela vê com o mesmo olhar os pequenos e grandes movimentos da natureza- uma tempestade de granizo, vento e raios e uma flor de orquídea que brota em Maio. E foi pelo seu olhar que guiei o meu, que tem menos doçura que o dela, mas a mesma curiosidade. E eu sempre me empenho em viver relações assim- como essa que mantenho com ela- com várias pessoas da minha vida. Um encantamento que nos pluga um ao outro e dilui os desassossegos de pensamentos menos importantes. E faz sentido pensar, a partir disso, que a vida é menos complexa do que parece. Sempre tem alguém que compartilha um pequeno prazer em comum com a gente. Isso é o que chamo de amor. Pequenos prazeres compartilhados. Às vezes angústias, às vezes medos… Pequenas coisas que ajudam a entender porque somos amigos de quem somos amigos, porque alimentamos diversas formas de sentir e demonstrar amor. Sinto essas #coisinhasdavida como a maior demonstração de que é o amor o elemento mais inexorável do viver.
Um encantamento
