Às vezes a gente olha pralgumas coisas que parecem forjadas. Foi o que me ocorreu quando vi este recorte de paisagem, no trajeto para minha aula. Imediatamente pensei em fotografá-lo para imprimir, colocar na parede, olhar para ele toda vez que passasse por perto e pensar “olha como é louco esse recorte”. Fotografei e assim que cheguei no meu destino mostrei para um colega toda animada: “olha esse recorte que parece colagem!”. E ele de pronto me respondeu “nossa! Nem tinha reparado que o Copan ainda está com este pano pendurado. Já faz anos” Um fato; dois olhares. Senti a mesma decepção que sentia quando, ainda criança, colocava aquelas tatuagens que vinham no chicletes e corria enganar minha mãe. Ela costumava me olhar e dizer “você não fez bem certo, tá faltando um pedaço do desenho. Ninguém manda ser apressada”. Quando eu mostrava a tatuagem para minha tia Edna, ela olhava e falava, com a voz alterada, coisas do tipo “Mas Laura do céu! A Maria vai bater em você se souber que você fez tatuagem!!!”, “não vão deixar você entrar na escola!!!” ou “só aqueles moços doidões vão querer namorar você!!” Não importa quantas vezes fossem; a resposta da minha mãe era sempre a mesma e a resposta da Edna nunca se repetia. Lembro que me sentia feliz por ter uma tia boba que caía na história da tatuagem. Eu pensava, naquela época, que só as pessoas bondosas acreditavam na brincadeira das crianças. Penso assim até hoje. Algumas relações só existem e se mantém quando guardamos algum tipo de bondade no coração. Prestar atenção no movimento do outro, tentar entender o que ele está precisando ou querendo de você, é um tipo de bondade. Tem vezes que essa bondade ajuda ao próximo. Noutras, nos protege de coisas ruins. Mas assim na rotina, no dia a dia, no convívio com as pessoas que fazem parte dos nossos dias, esse tipo de bondade inspira e encoraja. Pelo menos a mim.♡♡♡.( Às minhas amigas duronas tipo minha mãe: sem vocês eu não saberia a medida entre a inspiração e o “mãos à obra”. Vocês são incríveis)
Um tipo de bondade
