Hoje, ao acordar, encontrei uma pitada de saudade no story de uma amiga. Pensei: por que existe a saudade? Me veio à cabeça que é para a gente fazer planos futuros com aqueles de quem gostamos da companhia. Um almoço, um passeio por uma calçada de entorno colorido e fresco, um pedal, um pastel na feira. Mas logo já mexi nas ideias: saudade não existe só pra isto. Saudade existe pra fazer a gente lembrar que gostamos de passear pela calçada, de pedalar, de ir à feira. Tem todo tipo de gostos. Estes são os meus. E comecei, então, a sentir saudades de tanta coisa… Fechada dentro de casa, além da vontade de vento e sol, os pensamentos me levam para coisas que já fiz e que me deixam com vontade de repetir. Tem tanto tipo de saudade. Saudade de cantar Drexler de madrugada no carro , saudade de pendurar prateleira na cozinha, de instalar telefone fixo, de arrumar briga no banana boat. Saudade de ficar horas na beira da piscina conversando sobre ponta dupla de cabelo e depilação, tomar café tentando entender como funciona um jogo de rugby, de ver uma calçada aprazível em BH. Saudade de comer encapotado no Jonas e um filé Oswaldo Aranha no Piero, de ver o amigo surfar enquanto fico lendo uma revista sob o sol. Não tenho certeza, agora, se a saudade é a vontade de repetir tudo isso ou é, simplesmente, a boa lembrança. Na verdade, não importa muito. O que eu sei é que saudade às vezes dói, mas na maior parte do tempo ela é afago. A saudade é um tipo de registro de coisas que já fizemos. Um registro especial. Porque não é apenas uma lista de coisas que vêm à nossa cabeça. É um monte de momentos que revisitamos e permitem que a gente sinta de novo algo que já sentiu. É tão maravilhoso isso, que não tem como saudade ser triste. E então, depois de tanto pensar, me dou conta que saudade é um jeito que nosso corpo encontrou de se manter aquecido nos momentos em que sentimos falta de algum pedaço. Quando sentimos vazio, a saudade preenche.
Pensando nos abraços
